31 de out. de 2012

A regra é ser desonesto

Por
Alexandre Melo
Coluna Dois Toques do Jornal Metas de 30/10/2012
 O esporte deve formar pessoas de bom caráter. Este é o princípio básico. Nossos filhos aprendem ou deveriam aprender nas escolinhas de futebol, antes mesmo dos primeiros chutes na bola, o princípio da honestidade e de que, nem sempre, sairão vencedores.
Entristece ver meninos, mal saídos das fraldas, atirando-se ao chão teatralmente na tentativa de simular uma falta que não existiu. Enganam ao árbitro, aos pais e a si mesmos, pois se tornarão adultos com os vícios da “Lei de Gerson” que ainda permeia o caráter de boa parte dos atletas e de outros profissionais no Brasil, ou seja, levar vantagem a qualquer custo. Em dois meses de Brasil, o holandês Seedorf percebeu essa faceta dos brasileiros, e criticou em entrevista a uma emissora de TV.  
O argentino Hernan Barcos colocou acintosamente a mão na bola e ainda saiu comemorando o gol de empate contra o Inter-RS, no último sábado no Beira-Rio. Mesmo que o Palmeiras esteja à beira do precipício, o ato desonesto de um ídolo do clube influencia uma geração de jovens que sonham um dia vestir a camisa de um grande time de futebol.
Barcos tentou enganar os árbitros do jogo, o time adversário, seus companheiros, o público do estádio, outros milhares que assistiam ao jogo pela televisão e, talvez, a uma nação inteira. “Olhem aqui, seus bobões, eu faço gol com a mão e ninguém vê”. 
E pior. Barcos insistiu no teatro da mentira.  Induziu seus companheiros a “peitarem” o árbitro, Francisco Carlos Nascimento, na tentativa de impedi-lo de anular o gol. O técnico, Gilson Kleina, bradou aos microfones que a decisão do árbitro de voltar atrás e anular o gol de mão, mesmo que avisado pelo delegado do jogo, foi uma “sem-vergonhice”. Neste caso, Barcos estava certo, o ilegal deve prevalecer.
Klose, da Lazio e da seleção alemã, anulou um gol seu feito com a mão de maneira acidental - na rapidez do reflexo isto pode acontecer. Ele recusou-se a receber um prêmio pela atitude de ter comunicado a irregularidade ao árbitro. Disse que ser honesto era obrigação de todo o ser humano. Já para Barcos e a diretoria do Palmeiras, que pediu a anulação do jogo, a honestidade virou exceção, a regra é ser desonesto.

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